domingo, 28 de novembro de 2010

Sociedade Escravista

SOCIEDADE ESCRAVISTA
O moderno escravismo colonial na América, no qual se insere o Brasil português, é diferente, em muitos sentidos dos sistemas escravistas da Antigüidade. Em primeiro lugar, o escravismo americano surge como parte de um novo sistema sócio-econômico que nascia na Europa do século XVI. Esse sistema -o capitalismo- tendia a organizar toda a produção da sociedade em função dos lucros a serem acumulados por uma classe –a burguesia- que, então, apoiava os Estados absolutistas e era por estes apoiada.
É a expansão do sistema capitalista europeu, baseado inicialmente no comércio, que irá produzir as grandes navegações pelo oceano Atlântico e os chamados “descobrimentos” dos séculos XV e XVI. A Revolução Comercial européia vinha, assim, a articular a Ásia, a África e a América ao sistema comercial da Europa Ocidental.
Nesse contexto, o Estado português e a sua burguesia vão desenvolver, desde o séc. XV, um grande complexo mercantil internacional, que incluía feitorias na costa ocidental da África e no extremo-oriente e, após 1530, a colonização da costa americana do Atlântico-sul, batizada Brasil. Tudo sempre com um grande objetivo econômico: geração de lucros para os portugueses e para o Estado.
A escravidão no Brasil deve, então, ser entendida como parte componente desse sistema.
Ao introduzir a produção do açúcar como base econômica da colonização, os portugueses defrontaram-se com um problema fundamental: a mão de obra. A empresa açucareira, para fornecer a quantidade de lucro desejada, deveria contar com um grande número de trabalhadores, explorados intensivamente em vastos latifúndios próximos ao litoral, de onde a produção seria escoada para os mercados europeus.
A utilização de trabalhadores livres, assalariados estava imediatamente descartada. Nenhum camponês sairia livremente da Europa para atravessar o oceano e viver em condições certamente piores do que aquelas que se apresentavam no Velho Mundo. E, de qualquer forma, Portugal não teria um número suficiente de trabalhadores para sustentar o empreendimento açucareiro em larga escala. Além disso, com tanta terra no Brasil, como fazer alguém trabalhando para outros? Conclusão do rei e dos portugueses: a mão de obra tinha de ser obtida e mantida no trabalho pela força!
Os chamados “índios” logo foram submetidos à escravidão. Porém, problemas “técnicos” e econômicos logo se apresentaram para a burguesia branca com a escravidão dos guerreiros tupis.Como estavam em seu chão, estes fugiam com relativa facilidade e, a princípio, tinham ainda força suficiente para, organizados, contra-atacar os agressores de seu mundo, destruindo-lhes as plantações e construções fortificadas. Isso introduzia gestos e perdas que os latifundiários e comerciantes passaram a considerar excessivamente pesados para o empreendimento.
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Veja bem: Os livros didáticos escolares trazem a idéia de que não foi possível escravizar os índios porque não teriam força para o trabalho. Não teriam resistência. Mais uma mentira para disfarçar e justificar os absurdos cometidos contra o Africano naquela época.
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A solução seria, então, com a escravização dos negros africanos. Não porque estes fossem melhores escravos, como ainda referem certos textos racistas, mas por um série de conveniências econômicas para a burguesia branca.
A primeira delas reside no fato de que, sendo a mão de obra negra objeto de comércio internacional – com o aprisionamento, o transporte, a venda – o seu tráfico introduzia extraordinárias oportunidades de lucros extras à empresa do açúcar. De fato, pode-se constatar que a solução escravista-africana foi, em grande parte, imposta pela burguesia comercial e pela coroa portuguesa. Mais lucros, mais impostos, mais renda. Sempre a mesma lógica capitalista.
Vários outros fatores conduziram a colonização portuguesa para o tráfico escravista internacional.
Os comerciantes portugueses há muito tinham contatos estabelecidos na costa Atlântica da África, Angola principalmente. A navegação transatlântica encontrava-se desenvolvida o bastante para assegurar a continuidade do tráfico. A obtenção da mercadoria humana seria facilitada pela existência de históricos conflitos entre os povos africanos, que tendiam a produzir prisioneiros passíveis de escravização, o que a introdução de armas de fogo pelos brancos desequilibrou e desnaturou.
A pele negra e a aparência física diferente logo foram representadas pelos brancos como sinais de uma inferioridade natural, o que vinha, absurdamente, a justificar para a consciência escravocrata a monstruosidade da escravidão.
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Veja bem: Como uma raça pode dizer que outra é inferior a sua???? Por um acaso, existem raças inferiores??? Aquele que inferioriza o outro é porque, ele próprio, já se sente inferiorizado.
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Na própria Igreja Católica, então com enorme influência econômica, política e cultural no mundo, particularmente em Portugal e na Espanha, tratou-se de formular teses teológicas que defendiam uma condição subumana – e até demoníaca – dos negros.
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Veja bem: Num dos sermões de Padre Antônio Vieira, ele afirma que o negro é preto porque não tem alma.
É repugnante o que a dita “Igreja Católica”, “seguidora de Jesus Cristo”, fez. Ora, “formular teses teológicas” para dizer que o africano negro era demoníaco!!!!! Disso tudo só posso pensar uma coisa: Se eles criavam teses como essas, será que não foram criadas outras teses repugnantes para defender seus interesses econômicos????? E que talvez hoje ainda estejam criando????? E se Ela foi capaz de criar coisas desse tipo, será que Ela acredita realmente no que prega????? Ou usa essa “crença” para dominar e usar o povo como massa de manobra??????
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Assim o escravismo no Brasil, como em toda América, nascia intimamente ligado a preconceitos racistas, já que a condição de escravo diferentemente do que acontecia na Antigüidade – encontrava-se na Modernidade, associada aos diferentes grupos étnicos negros. A diferença étnica era, dessa forma, convertida em inferioridade para o olhar branco racista-escravocrata.
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Veja bem: Este fato podemos notar muito bem quando se fala em África: sua cultura, sua língua, suas vestimentas etc. E principalmente sua religião. Coisa de negro é coisa inferior!! Não tem valor!! Quantos de nós já ouvimos essas frases???? Ou então a frase: “Que negrada!!” Aí está implícito o racismo de muitos anos. É tão comum escutarmos isso que as pessoas acham normal. Um total absurdo!!!! Volto a perguntar: Que idioma é superior a outro?? Que cultura é inferior a outra??? Que vestimenta, característica de uma nação, de um povo, é inferior a outra??? Que religião é superior a outra?????? Por quê??????
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O tráfico escravista logo se organizou em bases empresariais. Era, de fato, um grande negócio para os burgueses europeus. E assim seria por cerca de 350 anos.
Os homens, mulheres e crianças negras eram arrancados do seio de seus povos no interior do continente africano e transportados sob correntes, durante meses, até os portos da costa.
Ali, já sob a vigilância dos traficantes, eram preparados para o embarque: lavados, marcados a ferro, depositados nos navios. Os homens, que compunham a maioria da carga, iam no porão. As mulheres e crianças, no convés, precariamente cobertos. Alguns se precipitavam no mar, quando possível, num esforço de resistência. Outros se negavam a comer a péssima alimentação fornecida pelo traficante para manter a carga viva até seu destino. Pelo menos 5 milhões deles foram embarcados nos tumbeiros tendo como destino a então maior e mais promissora colônia portuguesa: o Brasil.
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“AMISTAD” – Filme sobre a escravidão. Muito bem retratada. Excelente para a ilustração deste texto!!
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O planejamento do tráfico chegava, de fato, a requintes. Os traficantes procuravam, por exemplo, selecionar para o embarque indivíduos pertencentes a etnias e culturas diferentes, para dificultar ao máximo a comunicação entre a “mercadoria”. É preciso, nesse sentido, a enorme riqueza e variedade étnica, lingüística e cultural dos povos africanos, cujos membros foram vitaminados pelo tráfico. Podia-se identificar, desde membros de grupos de caçadores, até indivíduos pertencentes a complexos sistemas sócio-políticos e de notável desenvolvimento tecnológico, que evoluíam com grande vitalidade quando da chegada dos europeus.
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Veja bem: Se pensa que os negros que chegaram como escravos eram pobres, trabalhadores de roça, sem condições financeiras etc. Os que chegaram foram: reis, rainhas, príncipes, pessoas da nobreza, médicos, engenheiros. Pessoas comuns também, é claro!!!
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A técnica do tráfico consistia, assim, em isolar os indivíduos, evitando o contato entre componentes do mesmo grupo étnico-cultural. A tarefa da dominação e do enquadramento dos negros na ordem escravista começava a ser realizada já do outro lado do Atlântico.
Os que sobreviviam às duríssimas condições de travessia marítima, que durava de dois a três meses, física e espiritualmente enfraquecidos, eram colocados à venda nas principais cidades portuárias do Brasil, ou prosseguiam, novamente a ferros, para os postos de venda mais afastados. Aí começava de verdade o lento processo de desterritorialização. Perdia-se não somente a referência da terra-mãe, mas também do grupo étnico a que se pertencia, perdia-se da família, desagregada intencionalmente pelos escravocratas e perdiam-se ainda as referência culturais que davam sentido ao mundo e preservavam a identidade coletiva desses nossos ancestrais.
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Veja bem: Um dos pontos de referência da cultura africana são os terreiros de Candomblé. Ali eles mantiveram sua cultura religiosa, sua alimentação, seu convívio, seu idioma e suas vestimentas. Representando de uma maneira mais próxima de sua realidade a sua vida no continente Africano. Um dos países de onde saiam muitos escravos era a Nigéria . Vieram vários grupos: Keto, Ijexá, Oió, Jêje, etc.
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É possível dizer ao mesmo tempo que se fisicamente os europeus colonizavam o “Novo Mundo”, também foram colonizando as consciências dos oprimidos.
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Veja bem: “...colonizando as consciências dos oprimidos.” Posso pensar em lavagem cerebral???????? Por quê???? Será que isso ainda hoje acontece??? Ou seja: “colonizadores de consciências”?????
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Se você fosse arrancado de sua terra natal, de sua cultura, de sua família, de sua religião, o que você faria??

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