domingo, 28 de novembro de 2010

Nações Africanas

Nações africanas
Pierre Verger relata que, afim de não permitir a união de negros de etnias diferentes, o que poderia favorecer revolta ou levante, o governo do Brasil já encorajava os batuques, divertimentos organizados pelos negros nos dias de descanso. Eles se agrupavam novamente e retomavam, com a consciência de suas origens, sentimentos de orgulho de sua própria “nação” e de desprezo pelas nações dos outros. A realização desses “batuques” teve como resultado o culto às divindades africanas. Suas cantigas e suas danças, que aos olhos dos Senhores pareciam simples distrações de negros nostálgicos, eram, na verdade, reuniões nas quais se evocavam os deuses da África.
A palavra “Candomblé” ou “Batuque” (no Rio Grande do Sul) passa então a denominar as “reuniões feitas pelos escravos para cultuar seus ancestrais”, porque também era comum chamar de Candomblé todo “festa ou reunião de negros” no Brasil.
Com o passar do tempo, o Candomblé passa a definir o modelo de culto de cada grupo étnico ou região africana de origem:
Candomblé de Nação Keto
Candomblé de Nação Jeje
Candomblé de Nação Angola
Candomblé de Nação Ijexá
Candomblé de Nação Cabinda
Candomblé de Nação Jeje-Nagô
...
No entanto, nenhum desses modelos permaneceu totalmente “puro”, houve a contribuição de outras etnias africanas, além do sincretismo católico.
Algumas casas de nação africana já estão abolindo o sincretismo. (grifo meu)
A palavra “Nação” entra aí não para definir uma nação política, embora Keto e Ijexá sejam do grupo étnico ioruba, Nigéria (grifo meu),e sim para expressar uma modalidade de culto em que, apesar dos sincretismos, perdas e adoções que se deram no Brasil, e mesmo na África, de onde procediam os negros, um tronco lingüístico e elementos culturais de alguma etnia vieram a prevalecer.
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Fonte: Cultos de Nação: Candomblé
Especial 07, ed. Modus

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