domingo, 28 de novembro de 2010

VISÃO BRANCA DAS TRÊS RAÇAS
Durante muito tempo, os livros escolares procuraram ensinar uma fábula sobre o passado do Brasil. Uma fábula de que, ao longo deste passado, a sociedade e a cultura brasileira formaram-se pela convivência pacífica de três raças na terra de Portugal na América: o branco europeu, o índio nativo e o negro africano.
Buscava-se transmitir a imagem de um passado harminioso, no qual a contribuição dos três grupos teriam formado uma identidade nacional: a brasilidade.
Usava-se, na verdade, uma imagem do passado que escondia a realidade ou mostrava segundo a visão dos grupos dominantes, a quem interessava a representação de um povo dócil, cordado, que se formava pela mistura democrática de etnias e culturas diferentes. Uma imagem na qual os conflitos, os antagonismos e as contradições permanecem escondidos e silenciosos para que, revelados à consciência, não provoquem os subordinados a lutar por mudanças.
Assim, a fábula das três raças escamoteia realidades essenciais: o branco europeu ocupava a terra violentamente e explorava o trabalho alheio para produzir riquezas que o comércio transformava em dinheiro para ser acumulado, aqui e na Europa e, nesse processo de acumulação e produção, o índio fora escravizado, dizimado, expulso de uma terra que originalmente era sua. O negro, por sua vez, trazido a ferros nos porões dos tumbeiros atravessando o Atlântico, para ser VENDIDO COMO MERCADORIA e para TRABALHAR ATÉ A MORTE, produzindo as outras mercadorias e bens que sustentavam a existência da colônia Brasil: café, charque, fumo, algodão, aguardente.
A compreeensão da verdadeira dimensão desses conflitos e, principalmente, da presença do negro como escravo durante 350 anos do passado brasileiro é fundamental para a construção de um olhar crítico para o presente, voltado para sua transformaçao.

("Cutura e Trabalho" - História Sobre o Negro no Brasil - SMED - Prefeitura Municipal de Porto Alegre)

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